quinta-feira, 30 de março de 2017

A HORA DE IR EMBORA SE APROXIMA CADA VEZ MAIS.

Pretendo retomar os compromissos culturais, lançamento de livros, palestras. Fazer em 2017 tudo que tive de adiar em 2016, por motivo de saúde. Não ando bem, mas não posso esperar a vida inteira esta angústia baixar um pouco. É preciso retornar às coisas. Assim, no final de abril ou início de maio, farei o lançamento em São Paulo do livro de poemas "De mãos dadas", que escrevi juntamente com a poeta espanhola Montserrat Villar González, que é minha tradutora na Espanha. Esse livro foi escrito para ser publicado este ano na Espanha e no México. Mas decidi homenagear a Montserrat e a Editora Escrituras se interessou pelo livro e fez uma edição lindíssima. Traduzi para o português os poemas de Montse, assim como fez na Espanha, traduzindo meus poemas para o espanhol. No livro, um poeta responde ao outro indagações sobre a poesia, tudo em forma de poema. (O mesmo fiz com a poeta Thereza Christina Motta, que vive no Rio. Também esse livro sairá em breve pela Íbis Libris, do Rio de Janeiro. Chama-se "A palavra que a mão não consegue escrever"). Voltando ao livro que escrevi com a Montse, no final cada um apresenta uma biografia bastante resumida. A minha termina  assim: "Planeja viver em Portugal em exílio voluntário". Meu editor falou comigo sobre isso e ponderou que talvez não ficasse bem numa biografia. No entanto, não desaprovou nada. Então expliquei o que se passa dentro de mim, o que ele está cansado de saber.. Não vejo a hora de sair deste país amargurado. Não vejo a hora. Sou brasileiro, filho de pais portugueses, meu pai de Angola e minha mãe de Anadia, em Portugal. Depois de uma experiência de 15 anos com a poesia portuguesa aprendi a compreender algo que se chama sentimento. Estarei lá em outubro para lançar "19 elegias da mão esquerda" e depois seguirei para a Espanha, a partir de Salamanca, para lançar dois livros adiados do ano passado. Quero mesmo sair daqui. Cansei. Cansei de tanta gente indecente que manda no meu destino. Cansei de corrupção. Cansei dos ladrões. Cansei de tudo. Cansei da poesia, também, sem generalizar. O Brasil se transformou numa ficção. Quero sumir daqui o que, entre nós, não terá importância nenhuma. Sou somente um cidadão de 5a.categoria. Os ladrões continuarão a mandar e eu me nego a viver num país onde os ladrões fazem e desfazem, especialmente aqueles que por mais de 20 anos pregaram, com minha ajuda, honestidade e ética na política. Para mim chega. Chega mesmo. A hora de ir embora está se aproximando. Por isso a última frase de minha pequena biografia no livro "De mãos dadas", escrito com a Montse, está correta para minha consciência. Por isso repito: "Planeja viver em Portugal em exílio voluntário". Esse é meu desejo. Espero que a vida me permita realizá-lo.

Um comentário:

  1. Poeta... e mal consigo dizer mais...Que possas ainda ser feliz, da felicidade que escolhas... Afinal,podes escolher...

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