segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

POESIA NO ANIVERSÁRIO DE SAMPA

 A poesia fará parte das comemorações dos 463 anos de São Paulo. Praticamente nunca fez. Mesmo nas tais "viradas culturais" a poesia  nunca participou. Nesse caso é bom, porque as viradas culturais se transformaram em algo que não dá para descrever. Mas desta vez a poesia terá um lugar de destaque nas cerimônias de aniversário da cidade. Será lançada exatamente no dia 25 de janeiro a antologia "tranSPassar", organizada pelo poeta e ensaísta Carlos Felipe Moisés e pelo poeta Victor Del Franco.  Uma belíssima edição reunindo poetas de São Paulo escrevendo sobre ruas que têm nome poético ou ligado à história da cidade. Publicação da SESI-Editora-SP. A antologia tem um subtítulo que é "Poética do movimento pelas ruas de São Paulo". O lançamento será no final da tarde do dia 25, na Casa das Rosas, na Paulista, 37. Carlos Felipe Moisés explica que a ideia do livro partiu de uma instigação de Mário de Andrade: "Ruas de meu São Paulo/ onde está o amor vivo?/ onde está?". E ainda: "Caminho pela cidade/ sofrendo com mal-de-amor". E mais: "Meus pés enterrem na rua Aurora/ no Paissandu deixem meu sexo/ na Lopes Chaves a cabeça/ esqueçam". Carlos Felipe afirma que os poetas têm mantido com as ruas de São Paulo um constante intercâmbio que traduz sentimentos desencontrados, ambivalentes. É isso que a antologia mostra. Revela a personalidade inconfundível de cada poeta assim como a multiplicidade de roteiros que a cidade oferece e nisso se incluem orgulho, espanto, revolta ou um singelo enternecimento lírico, conforme observa Carlos Felipe Moisés. Participam da coletânea "tranSPassar" os poetas Álvaro Alves de Faria, Carlos Felipe Moisés, Carlos Machado, Elisa Andrade Buzzo, Fernando Paixão, Glauco Mattoso, Leila Guenther, Luiz Roberto Guedes, Paulo Bomfim, Paulo César Carvalho, Renata Pallottini, Reynaldo Damázio, Rodolfo Witzig Guttilla, Ronaldo Cagiano, Rubens Jardim, Tarso de Mello e Victor Del Franco. Algumas das ruas e locais sobre as quais os poetas escreveram: Rua Brejo Alegre, Ladeira da Memória, Largo da Misericórdia, Viaduto do Chá, Morro do Piolho, Rua Aurora, Campos Elíseos, Vila das Belezas, Rua das Flores, Beco dos Aflitos, Rua da Glória, Rua Lavapés. Cada poeta faz um depoimento sobre a rua escolhida e sua ligação sentimental com o local. Eu escolhi a Rua Brejo Alegre, no Brooklin Paulista, onde passei minha infância. O nome era tão forte, na época, que toda a região passou a ser conhecida como Brejo Alegre. Uma rua com muitas histórias que fazem parte da minha vida. Na época, era a turma do Brooklin e a turma do Brejo Alegre, separadas pela Sociedade Hípica Paulista. Mas o importante nisso tudo é que a poesia fará parte das comemorações do aniversário de São Paulo. A palavra também pode embelezar a cidade e torna-la mais humana.

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